quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

É O FIM DA PICADA DA COBRA EM VERMELHO

Saca aquela “cobrinha”, em vermelho, bem embaixo da palavra que você digitou? Então, ela não está ali para deixar seu texto mais alegre e colorido, muito pelo contrário, ela tá tirando você, véio. Tá dizendo que você errou feio.
Com certeza, você já deve ter deparado com inúmeros “concerteza” nas redes sociais. Se o cara tivesse grafado “comcerteza” com “m”, ainda poderia usar a desculpa de que a barra de espaços do teclado estava com pobrema, serto? O sujeito quase chegou perto de escrever uma palavra que, de fato, existe: “concertina”, um instrumento musical parecido com um acordeão, mas, de qualquer maneira, desafinou no português.
Quando você está escrevendo em “internetês” até pode ter um desconto e esquecer essa marcação em vermelho do corretor ortográfico, mas utilize com moderação, porque o bagulho dessa linguagem vicia.
Mas, uma coisa que não consigo entender é a seguinte: se as abreviações servem exatamente para tornar a digitação das mensagens mais rápidas, por que muita gente escreve “naum”, que dá muito mais trabalho, ao invés de “não” ou simplesmente “nao”.  Tem gente que pergunta se o corretor ortográfico está sempre certo. Bem, devo confessar que, em pelo menos um caso, exatamente nesse, o “naum”, o corretor errou.  A palavra “naum”, de fato, existe. É só lembrarmos do Naum  Alves de Souza, dramaturgo brasileiro, diretor teatral, cenógrafo e figurinista.  Sem falarmos no profeta bíblico Naum, cujo nome em hebraico significa “o consolador", embora acredite que isso não deve servir de consolo pra ninguém. Pera aí, alguém pode estar pensando: o cara escreveu “acredite”, mas não deveria ser “eu acredito”. Não, e a razão é que o verbo está apoiado na conjunção condicional “embora”.
Se tudo isso citado até agora fosse o problema, não haveria problema. E a história – sim, eu escrevi “história”. Os melhores gramáticos afirmam que essa história de “estória” (com “e”) nunca existiu – nem mesmo como “conto de fadas”. Agora, vamos investigar o caso de "a gente", que muita... gente (rimou) teima em escrever junto.“Agente” existe no sentido de aquele que age, praticando a ação, mas nada tem a ver com o significado de “nós”. Entendeu, ô Sherlock Holmes?
E o tal do “com migo”? Não seria mais fácil escrever “comigo”? Dá pra economizar, logo de cara, um “m” e um espaço, né?
“São tantas emoções” (como diria Roberto) e tantas bobagens, que vamos adiante: Será que alguns escrevem “apartir” (grudado) porque tem medo da dor da separação que sentirão ao escrever  “ a partir”?
E o que dizer de quem escreve “nada há ver” ao invés de “nada a ver”? Como todo torcedor inteligente que acessa nosso blog sabe, a expressão“nada há ver” não existe, mas, novamente, sem querer querendo, o internauta quase acertou. Em Portugal, por exemplo, "nada a haver" tem o sentido de "nada a receber" ou em bom português do Brasil: não sobrou nada, ou seja: “Perdeu, playboy”!

Tem gente que considera o “português” tão simples, que acredita que pode deixá-lo mais “sua cara”. Por isso, a "bola da vez" é o tal de “derrepente”. De repente, o cara acha que é mais “fashion” escrever assim, com dois “r” e tudo junto e misturado. Isso, sem esquecer do manjado “quiz” (questão, exame, questionamento, em inglês), no lugar de “Eu quis”. Vou aproveitar a oportunidade para dizer que, apesar dos pesares, “apesar que" está incorreto; deve-se dizer "apesar de que". Apesar que tem gente que não vai se convencer facilmente...
Vacilou, a gente pica!

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